Como seria se eu
fosse escrever um livro sobre a minha própria historia?
Fico pensando: seria
classificado como drama, comédia ou uma série de contos de ironias do destino?!
Durante todo esse
período, que de fato é curto, até mesmo porque eu quero viver muito mais
ainda...
Mas imagino que o
primeiro capítulo seria um “mix” de desastres naturais, com uma pitada de
situações cômicas, seguidas de um companheirismo muitas vezes momentâneo, mas
do qual eu nunca me queixei.
Talvez nesse
capítulo eu trate também de liberdade e da facilidade que eu tenho em permitir
que as pessoas deixem a minha vida, de maneira como se nunca tivessem passado
por ela. Talvez eu queira dizer que as minhas experiências nesse sentido não
foram as melhores e que depois de tanto tempo eu achava que isso havia
melhorado, mas tudo indica que não.
Devo tratar, em
algum momento, sobre a facilidade das discussões e as palavras soltas que
acabam brotando de mim como terra fértil. Isso também lembra meu próprio desejo
de que as palavras dos outros causassem em mim algum “frisson”, alguma
expectativa sobre o que pode ser melhor, mas parece que isso não ocorre.
Essa deve ser uma
parte trágica do primeiro capítulo, dizendo sobre a minha incapacidade de amar,
falando também sobre todas as pessoas que eu já magoei por não conseguir retribuir
seus sentimentos à altura. Infelizmente eu tenho o péssimo hábito de dizer o
que sinto, mesmo quando o outro não deseja ouvir, deve ser meu mau hábito com a
verdade!
Hoje em dia as
pessoas não gostam disso, hoje as pessoas gostam de pessoas superficiais, com
sentimentos sintéticos, todos gostam de olhar os acontecimentos cotidianos e
agir como se tudo fosse consequência das novas tecnologias, como modelos de uma
nova era, adaptados, sei lá por quem, mas que devemos seguir. Ao que tudo indica
posso abordar um pouco desse longínquo passado por não seguir, não gostar e nem
me adequar a essas novas regras ou técnicas.
Nesse primeiro
capítulo acho justo tratar de romantismo, abordando também como perdi o meu
próprio. Quem sabe, talvez, até lembrar de quando eu mandava rosas vermelhas
com chocolates, ou talvez das inúmeras cartas de amor... Se fossemos traduzir
hoje, os críticos só diriam: "Quanta bobeira!", talvez até eu mesma
dissesse isso...
A maioria das
coisas perdeu o seu verdadeiro sentido, estagnadas num ponto de total falta de
envolvimento, seguido de critérios de profundo interesse, em sua maioria,
interesses materiais.
Não que seja da
minha veia artística tratar dos inúmeros murros em pontas de facas que eu dei
nessa minha jornada de vinte sete anos, mas alguns deles ainda sinto doerem até
hoje, não que tenha sido o meu melhor, mas a dor também me tornou um pouco mais
fria!
Se eu fosse
escrever um livro sobre a minha própria vida, ele deveria ser recheado de
grandes sorrisos, de olhos apertados, de abraços de urso e de grandes ouvidos,
porque se tem uma coisa que fiz e faço muito é escutar, eu escuto problemas,
escuto soluções, escuto lamentações e vou escutando, ainda acredito que nasci
mesmo para fazer isso.
Se eu fosse
escrever um livro... Talvez eu contasse também algumas verdades, talvez eu
dissesse nas entrelinhas o que realmente aconteceu e como ocorreu. Talvez eu
explicasse fatos escuros, talvez eu até explicasse de vez essa minha solidão!
Mas tudo isso, só
se eu fosse escrever um livro!