Se
eu for parar pra pensar o tanto de coisas que aconteceram num piscar de olhos,
três anos...
Terminei
um relacionamento, fiz uma nova faculdade. Detalhe: não terminei! Resolvi que
ia ser definitivamente uma profissional na área da saúde e sou mesmo. Perdi
pessoas importantes, conheci outras pessoas, me propus a fazer coisas
diferentes, briguei com pessoas leais, mas também briguei com as falsas, para
alguns pedi desculpas, pra outros nunca mais dirigi nem sequer o pensamento, o
olhar então, nem se fale...
Foram
anos estranhos e ao mesmo tempo interessantes. Achei coisas que tinha perdido,
principalmente as que estavam o tempo todo dentro de mim, mas perdi coisas que
ainda me fazem falta hoje. Recebi vários elogios, mas também fui criticada
severamente, sem dó nem piedade. Chorei por isso, mas também chorei por coisas
bem menores e sem sentido. Só pra constar, chorar não fez nada melhorar nem
voltar, como consequência, descobri que chorar não resolve o meu problema.
Desejei
do fundo do meu coração ter alguém especial, também desejei não me apaixonar,
implorei aos céus um sinal, disse que queria paciência, respostas, amor e uma
série de coisas, mas perdi o endereço postal de Deus, porque nada disso
aconteceu...
Dediquei-me a pessoas que não mereciam minha atenção,
descobri que falavam mal de mim, que triste! Pensei em me vingar... Ainda bem
que não o fiz, pelo simples fato de ser exatamente como essas pessoas, me senti
injustiçada e desejei que nada daquilo tivesse acontecido, fiquei trancada no
quarto esperando o dia acabar, a noite passar, mas nem o sono não me fez
companhia. Aprendi que não tem outro jeito a não ser mostrar a cara e enfrentar
os problemas e assumir os erros. No fundo nem doeu tanto quanto eu achava que
doeria, mas devo admitir que meu orgulho se incomodou bastante e ficou bem
arranhado. Tive que cuidar dele numa outra oportunidade...
Duvidei
do amor de pessoas importantes, mas quando eu tropecei, me esfolei, foram eles
que me deram a mão e como ainda manco um pouco, eles são parte da minha muleta
permanente, me ajudando e me auxiliando, exatamente por não fazerem nada e
permitirem que eu descubra e encontre exatamente onde eu estou falhando...
A
vida foi tomando um rumo diferente e me afastou de pessoas que eu nunca imaginei
que ficariam fora da minha vida. Notei claramente que odeio a sensação de ser
rejeitada e não vou me adaptar nunca ao fato do mundo não ceder aos meus
caprichos...
Nesses
últimos três anos o mundo não só girou, mas bagunçou, organizou e bagunçou a
minha vida um milhão de vezes. Trouxe pessoas que estavam muito longe, me fez
sentir frio no estômago e logo eu, tão enfrentadora, não tive coragem de ter um
olho no olho. E pra falar a verdade, ainda fujo dessa situação
freneticamente...
No
meio de todas essas reviravoltas, meu coração virou e revirou... Hoje a única dúvida
que eu carrego é pensar: “Será que o melhor é se preocupar com alguém?” ou “Se
preocupar por não ter ninguém com quem se preocupar?”
Achei
que tinha alguém especial, mas na verdade especial foi só o que eu senti que
era, porque de especial não teve nada, além de longas ausências, inúmeras
desculpas, uma série de justificativas para coisas injustificáveis, vazios e
falas mal acabadas acerca de possibilidades sobre coisas que dizem acontecer e
que na verdade nunca acontecem e nunca se concretizam.
Também
tive ótimas conversas, discussões infindáveis sobre os mais diversos temas
possíveis, mas as piores discussões foram as que eu tive comigo mesma. Devo
confessar: como eu sou difícil de lidar...
Questões
muito complexas de responder, diálogos íntimos, profundamente existenciais, mas
no meio de tudo isso eu encontrei uma figura que ainda habita toda essa escura
e fria cripta de mármore. Devo dizer que não fiquei lá muito feliz com essa descoberta,
mas admitir que algo existe e que isso é um problema ou um fato, é o primeiro
passo para um possível resolução ou para que eu possa pelo menos pensar nisso
de uma outra forma...
Existe
ainda um mundo imenso que está se descortinando e que eu não faço a mínima
ideia do que será e do que virá, mas não dá pra fugir. A única fuga que ainda
não aprendi a controlar e talvez nem queira é quando eu fujo por entre linhas
de caderno, muitas canetas e adesivos e crio o meu mundo perfeito de palavras,
frases e orações e as dúvidas são somente pontos de interrogação...
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