Quero falar sobre algo muito particular, talvez o mais particular que algo possa ser, mas que é banalizado: o beijo.
O beijo em si é tão importante que talvez tenhamos ridicularizado sua importância em nossas vidas. É através do beijo que muitos se cumprimentam: três beijinhos aqui, dois beijinhos ali, um beijinho aqui. Desculpem-me, não utilizo essa forma de cumprimento, afinal, como posso eu fazer parte de uma “cultura” que banaliza algo tão importante como o beijo?
Você permite que uma pessoa que você acabou de conhecer, que não tem nada a ver com você, que não te conhece, que não faz parte da sua vida encoste os lábios dela na sua face como se fosse a coisa mais natural do mundo? Desculpem-me, eu não aceito.
O beijo é tão sério e tão importante que posso dizer que talvez seja a maior entrega que alguém possa dar ao outro.
Quando a gente beija alguém que gosta, que ama, naquele instante de troca, no momento em que os dois lábios se tocam; que você sente toda a umidade dos lábios de outra pessoa; que se troca a respiração; que se fica tão próximo que ambos podem sentir o corpo todo estremecer, sentindo as mãos suarem mais do que o normal, mesmo parecendo tão natural, e consegue perceber exatamente aonde a sua mão vai e o que ela toca; desliza os dedos sobre os cabelos do outro e sente-se sendo acariciada; sente-se puxado por uma força quase incontrolável que praticamente cola os dois corpos juntos e os corações já não batem mais separados, tornando-se um só; sente que quanto mais próximo está, mais se sente seguro e mais quer que aquela sensação nunca acabe.
Ao beijar, você pode olhar dentro da alma de alguém e mostrar tudo o que você mesmo possui, como olhar através de um vidro extremamente fino e transparente. Trocar beijos é mais do que tocar o outro. Beijar o outro é se dar tão intimamente que não há barreiras pra que o outro chegue em você, não há como não se deixar levar pelo momento, não existe uma forma de controlar o que se sente. E as mãos praticamente não falam por si só e os toques e carinhos vão muito além de um simples roçar no outro: você sente o pulsar nas pontas dos dedos, você pode sentir o afeto e o carinho nas mãos que tocam o seu rosto suavemente, e naqueles mesmos lábios que carinhosamente descem pelo seu pescoço, beijando e sentindo uma sensação única de troca.
Beijar, como eu disse, vai muito além de qualquer outra entrega que se pode fazer, pois o que dizem mesmo ser íntimo, não é tão íntimo assim, pois nesses momentos você ainda pode mentir, pode fingir, pode dizer sentir algo que não sente e o outro, mesmo que não acredite, nunca vai poder saber se é verdade ou não o que você disse. Mas no beijo, não é preciso dizer nada disso, pois não existe a necessidade de explicar a entrega mais verdadeira que alguém poderia dar.
E depois ainda me chamam de antiquada por não ser adepta da moda do beijinho!
Como sempre, o homem banaliza tudo, até mesmo as coisas mais sagradas da vida, como o amor e suas manifestações. Aí tudo se torna insosso, e ele se desespera, e vai buscar o sentido da vida nas drogas e outras porcarias.
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