quinta-feira, 19 de maio de 2011

Conhecer alguém



Quero iniciar esse texto demonstrando minha total falta de concordância com a afirmativa “conhecer alguém”.
Explique-me de que maneira conhecemos alguém?
Só o fato de duas, três ou mesmo um grupo de pessoas se encontrarem, não significa dizer que se conhecem.
Conhecimento não é aquilo que temos internamente, que é adquirido através de experiências com coisas, ambientes, situações, enfim, todas as coisas que nos faz dedicarmos um determinado tempo para nos aprofundarmos e compreendermos sua essência. Por exemplo, se conhece uma língua estrangeira  estudando-a diariamente. Ouvir uma língua diferente não nos faz aprender, ver alguém falando menos ainda.
Conhecer pessoas se processa da mesma forma. Você me conhece?
Acredito que não, pode ser que tenha ligeira percepção de que eu seja de determinada forma, ou que eu tenha determinados ideais, mas ainda sim, sua colocação vai ser duvidosa, pois não existe convivência comigo.
Eu posso garantir que mesmo convivendo um bom tempo com alguém você ainda não poderá dizer que a conhece, afinal somos uma caixinha de surpresas e estamos tão longe de sermos previsíveis ou moldáveis.
Não atendemos a nenhum preceito diferente que não seja o da própria satisfação, vivemos em função única de nosso próprio bem-estar, e carregamos algumas frases prontas como “eu conheço fulano, ou sou amigo do beltrano, ou já sei o que o cicrano faria...”
Ledo engano, eu gosto de rir diante dessas situações por perceber como ainda somos ingênuos diante de coisas tão escancaradas serem absolutamente impossíveis, e não pensem que eu me enquadro fora dessas colocações, não. Eu mesma muitas vezes acredito conhecer as pessoas. Quando passo por situações desagradáveis entro exatamente nesse questionamento: “como posso estar chateada com o outro por ele ter feito isso? Na verdade eu não o conheço”, essa colocação de que conhecer alguém basta. Saber alguns dados sobre a pessoa ou quem sabe trocar meia dúzia de palavras, trocar alguns beijos ou até dividir uma cama, isso não faz de ninguém um livro aberto. Na atual situação, casamentos não são certezas de conhecimento, relações familiares não dão nenhuma garantia e menos ainda um alguém que você pode ter trocado uma conversa.
A única pessoa que podemos verdadeiramente conhecer é justamente a que menos nos importamos, a única que podemos saber até onde vai, como vai, nós não damos atenção.
Aprendi que não existe outro alguém que eu conheça melhor do que eu mesma, e que além de mim, os outros são centenas de milhares de anos de caminhos e de convivência para serem percorridos, na tentativa de tentar compreender o outro integralmente, e ainda assim, difícil dizer que conhecemos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário