Alguém conhece o ditado: "Quem fala demais dá bom dia até aos cavalos."? |
Hoje me peguei a pensar em como as coisas nos afetam de maneira tão direta que fica até complicado dizer...
São tantas ocorrências do nosso dia-a-dia que fico a me perguntar como podemos passar despercebidos por um bombardeio de situações.
Seja no trânsito, seja dentro das lojas, nas calçadas que andamos, em nosso serviço, numa conversa paralela, numa música que toca fazendo uma propaganda...
Saí de casa para buscar a minha irmã em determinado local, e olha que coisa! Passei em frente a uma loja que estava fazendo uma série de promoções; o que o rapaz dizia ao microfone pra mim não importava, mas consegui captar com muita precisão a música que tocava baixo no fundo, uma música do Roberto Carlos, cantada por J. Quest. O nome, não me lembro, mas a frase com toda certeza sim: “Se você não vem comigo, nada disso tem valor, de que vale o paraíso sem amor?”
Para mim, naquele momento e para os pensamentos que eu estava tendo, era bem pertinente.
Essa foi uma das várias situações que passamos todos os dias sem que nos demos conta... Não paramos o tempo suficiente para refletir sobre todas as mensagens que nos chegam, nem nos importamos com o que as pessoas escrevem. Muitas vezes deixamos até que as falas sejam perdidas e não é tão fora do comum estar conversando com alguém e nem ao menos escutar o que essa pessoa tem a nos dizer verdadeiramente. Dependendo do nível da conversa e principalmente se estiver diretamente ligada a alguma coisa que nos incomode profundamente, simplesmente ignoramos... Não temos nem o mínimo de vergonha em demonstrar total falta de interesse, e muitas vezes, ainda, dar continuidade na conversa com a seguinte frase: “Ah, me desculpe, o que você dizia mesmo?” Fico a pensar se não seria mais interessante ouvir de fato tudo aquilo que o outro tem a dizer a nosso respeito, quem sabe essa não seja uma forma de analisarmos se realmente não estamos deixando a desejar em algum quesito.
Ah, me esqueci, somos arrogantes demais para aceitar a opinião do outro, e pior ainda, somos ingênuos demais em acreditar que todas as pessoas toleram nosso mau-humor e que aceitam que somos nervosos e estressados. Ou então somos estúpidos em pensar que num momento de raiva vamos soltar tudo que pensamos a respeito de alguém para esse alguém e que minutos depois vamos dizer: “me desculpe, não era bem isso que eu queria dizer”. Fico a me questionar se é mesmo possível que o outro desculpe sinceramente...
Lembro-me que na época em que participava do movimento jovem de uma determinada religião, um de nossos palestrantes sempre dizia: “para que alguma coisa seja dita efetivamente é necessário que ela passe por três peneiras: A verdade: ‘o que eu vou dizer realmente é verdade?’, a necessidade: ‘o que eu vou dizer é de suma importância e se faz necessário ser dita nesse momento?’ e por ultimo e não menos importante, a consequência: ‘quais serão as consequências de minha fala, a quem ela atingirá e de que forma?’”.
Pergunto eu agora. Por quantas peneiras nós passamos nossas falas?
Nesses últimos dias posso dizer que realmente venho peneirando mais minhas falas, as conseqüências são simplesmente maravilhosas, menos mágoas, menos cobranças, menos acusações e o melhor de tudo, menos situações constrangedoras.
Pode parecer besteira, mas eu garanto que não há nessa Terra alguém que não disse ou pensou: “ah, se eu tivesse ficado com a boca fechada”!
Através da fala temos o poder de convencer, de levar ou de parar; temos a oportunidade única de nos explicarmos, de fazer com que coisas sejam espalhadas de uma maneira magnificamente veloz... Geralmente o dono da mensagem se perde, mas a mensagem em si, transformada ou não, essa continua... Continua também a devastação ou a construção... Isso vai depender de por quantas peneiras ela passou. Quanto mais pura e límpida, mais doce, menos agressiva, mais consoladora e menos repreendedora...
Assim como nossas atitudes, nossas palavras têm o poder de destruir, de acabar e dilacerar, seja com corações, com opiniões, com emoções... As palavras voam com o vento assim como o pólen das plantas, o pólen pra fertilizar outras plantas... E nossas palavras, estão a fertilizar ou a destruir?
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