terça-feira, 5 de abril de 2011

Suicídio

Imagem do Livro: Céu e Inferno de Allan Kardec, decodificador da Doutrina Espirita

Durante o percurso que faço todo dia, de minha casa até às escolas das crianças, vendo toda aquela movimentação de carros, pessoas e muitas, muitas crianças e adolescentes, pensei numa situação que ultimamente estamos tratando com normalidade, assim como hoje também é absolutamente normal dizer: “Ah, a fulana ou o fulano está depressivo!”. Tratamos com indiferença e já tratamos a depressão como um estado de espírito: “hoje me sinto depressivo”, da mesma forma banalizamos o suicídio como se fosse algo absolutamente normal: “Então, você viu, o fulano suicidou-se”.
Banalizamos questões extremamente importantes, pois como podemos nós, seres de tão pouca compreensão, achar absolutamente normal alguém cometer suicídio?
Eu, como psicóloga, sempre avalio a depressão de maneira extremamente minuciosa, até mesmo porque já sabemos através de estudos e muitas pesquisas, que o suicídio só ocorre numa situação de depressão muito profunda, onde não se tem outra solução para a vida que não seja o fim dela.
Nesses últimos dias estivemos acompanhando o caso de uma modelo e atriz que pulou do sétimo andar de sua residência em um condomínio de luxo. Mais que isso, tivemos que escutar que ela se matou por amor. Olha, sinceramente, quanta ignorância em se dizer uma frase tão descabida e sem sentido como essa: “matou-se por amor”. Ela pode ter se matado por qualquer motivo... Qualquer uma mesmo, MENOS amor, porque até o mínimo de amor próprio ela não tinha... Não tinha amor por ela mesma e nem pelos filhos e família e amigos que deixou para trás, na tentativa de encontrar seu ex-namorado...
Pensem comigo, se fosse para ficarem juntos estariam juntos porque a lei universal funciona dessa forma. Na verdade, ela deveria sim, ter seguido a vida dela... O que é pior, ela ainda se manifestou em programas de televisão dizendo sentir a presença do ex-namorado, dizendo ser espírita, dizendo acreditar que ele estaria em um lugar melhor e confirmando que pessoas que tiram suas vidas nunca vão residir num lugar bom no plano espiritual!
E a televisão, com mais falta de informação ainda e com tamanha ignorância, ainda sugere que talvez o suicídio tenha sido em função de fanatismo religioso... Fico me perguntando: Como podemos aceitar tamanha asneira sendo falada em rede nacional? Pelo amor de Deus, alguém proíba essas pessoas de falarem o que não sabem!
Não precisa nem ser muito religioso pra saber que todas, todas as religiões proíbem e/ou condenam o suicídio, (não vamos citar aqui os malucos da Arábia que ainda acreditam nas quarenta virgens). Enfim, como se pode permitir dizer que foi por fanatismo religioso? Se essa moça fosse uma verdadeira religiosa, independente de qual fosse, com toda certeza o suicídio seria a última coisa que ela teria pensado em fazer...
Para os leigos que ainda não se deram conta da gravidade da banalização do suicídio, antecipo-lhes, na minha visão religiosa, o suicídio é sim, uma escolha, mas vem precedido do que chamamos de “livre arbítrio” e ainda cria um peso maior com a colocação “criatura nenhuma tem o direito de tirar a vida do próximo ou de si mesma”. E quando ouvimos a frase de Jesus: “vós sois Deuses”, não interpretem como algo divinamente onipotente, porque o próprio Deus cria... Cria infinitamente e não destrói...
Aos que acreditam que depois de sua partida, principalmente de maneira repentina, brutal e causal, vão encontrar no plano espiritual o ser amado ou ente querido, antecipo-lhes: “Não, vocês não vão encontrar nada, nada além de um vale de sombras, de outros espíritos suicidas, de muita dor, de muito mal, de muito arrependimento...” Esse é o fim do suicídio... E não tentem justificar como “Deus entenderá...” Como podemos achar que pode ser da compreensão de Deus um suicídio?
Tristeza, todos sentimos... Em muitos momentos, assim como a fala dessa escritora, atriz e modelo, nos sentimos “Mortos por dentro...” Isso não quer dizer que tenhamos que consumar o fato, mas encontrar resignação, entendimento e forças para sobreviver, afinal cada um de nós têm suas dificuldades e todos já sofremos perdas, muitas vezes inestimáveis, mas quando a vida acaba para um não significa dizer que se findou para todos... Temos que persistir, que prosseguir e lutar.
Somos seres inteligentes e que temos missões a cumprir aqui na Terra, temos deveres, responsabilidades, olha que responsabilidade maravilhosa... Eu como psicóloga tenho a responsabilidade de ajudar as pessoas a se curarem da alma... Já imaginou se eu fosse uma suicida?
Olha quantas mães que cuidam de seus filhos como se fossem tesouros inestimáveis e que em milhões de vezes queriam poder trocar de lugar com eles para que eles não sofressem... Imagina se fossem suicidas???
Vamos deixar de acreditar que suicidar-se possa resolver problemas. Se os problemas se resolvessem com a morte nós não nasceríamos... A vida resolve os problemas, em vida aprendemos a resolver problemas, em vida aprendemos a amar pessoas, é em vida que melhoramos nossa condição moral, é em vida que temos que amar as pessoas... Para que ai, sim, quando já tivermos feito o que viemos fazer e quando essa máquina chamada corpo não mais funcionar, partiremos desse mundo, mas até então vamos deixar de ser crianças mimadas e choronas e aceitar os desafios que a vida nos impõe... Vamos aceitar que somos falíveis, sim, mas que a vida ainda é mais do que a morte e em cada pensamento ruim que tivermos vamos nos lembrar daqueles que estão em hospitais implorando a vida... Daqueles que resistem e lutam por mais um dia, por mais um minuto sequer, vamos lembrar daqueles que vieram com muitas dificuldades e que ainda sim, clamam pela vida, transbordam vida... Vamos parar de ser mesquinhos e achar que todos os problemas do mundo são nossos, que somos muito sofredores, vamos acordar e aceitar nossas dificuldades e responsabilidades com dignidade... Parem de achar que a morte resolve problemas... Morto não resolve problema... Só cria mais problemas... Imagina o que vai ser dito aos filhos dessa moça que se matou? Imagine como fica a estrutura da mãe dessa moça? Imagine como os verdadeiros amigos estão desolados... Ela resolveu alguma coisa??? Mais que isso, vocês realmente acreditam que ela encontrou o namorado?
Eu tenho certeza que não...


Para melhores esclarecimentos deixo parte da sinopse do livro: O Martírio dos Suicidas - Almerindo Martins de Castro: Livro de profundas advertências, em que se acham gravadas amargas e martirizantes experiências daqueles que tentaram fugir aos desígnios divinos através da autodestruição, mas que descobriram, na condição de Espíritos imortais, uma nova vida de intensos sofrimentos após a morte do corpo físico.  Reúne comunicações de Espíritos suicidas, historiando as circunstâncias, sentimentos e emoções que os levaram a decidir por esse ato extremo, como também a narrativa da deplorável situação espiritual em que se encontraram após desertarem da vida física pela enganosa porta do suicídio. (editora FEB -

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