quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sonhar um sonho de criança...




O que eu verdadeiramente queria esta noite, era sonhar um sonho de criança.
Não ter que me preocupar se amanha vou ter que levantar logo cedo, com o relógio despertando e me dizendo que já estou atrasada, não quero ter que pensar que terei um dia cheio...
Gostaria de me deitar e não ter que me preocupar com o meu lugar no mundo, com as realizações, com as afirmações e menos ainda com as negações sobre mim ou sobre o que eu acredito. Gostaria de pensar na vida adulta como um futuro distante que ainda me desse tempo para planejá-lo, desejando que o tempo passasse bem vagarosamente.
Gostaria de sentir o coração acelerando por passar a tarde toda jogando videogame e de ouvir minha mãe perguntando lá de longe e em tom bastante irônico “que horas que eu pretendia tomar banho?”. Lembro do olhar perdido e de ensaiar só pra pedir para o meu pai se eu poderia brincar na rua...
Hoje, fica complicado sair da rua, seja a trabalho, pra resolver negócios, pra chegar nos lugares, enfim, passamos os dias na rua.
Quando somos crianças desejamos desbravar o mundo, entender a fome a guerra, a violência e desejamos ser presidente.
Sonhamos ser cantoras, bailarinas, artistas de televisão, modelos e algumas vezes esportista. No fundo, nem sequer lutamos pra realizar nada disso e acabamos cantando embaixo do chuveiro, bailando com as adversidades da vida e atuando nas improvisações que a situação financeira nos obriga.
Queria sonhar um sonho de criança e brincar de colocar os sapatos de salto alto da minha mãe, tentar colocar as roupas dela, sair correndo e brincar de pular na cama, montar casinha de bonecas, escorregar na área de casa, tomar banho de chuva e nem sequer me preocupar com contas a pagar.
Sentir que o mundo realmente é grande e que existe uma forma de acreditar nas pessoas. Sinto saudades de pensar que meu pai era herói, de achar que existia coelhinho da páscoa e Papai Noel. Sinto saudades de comer os enfeites de chocolate que minha avó colocava na árvore, sinto falta de brincar com os primos, de fazer birra e pirraçá-los só para vê-los chorar...
Hoje mal nos falamos, cada um com sua “super-vida” agitada, cheia de compromissos, de trabalho e não há como não dizer que não sentimos saudades, mas a vida adulta muda tanto as coisas e mais ainda, muda as pessoas...
Sinto falta de ter colo, de chorar por qualquer coisa, de machucar o joelho escorregando na rampa com os chinelos da minha avó, sinto falta de fazer bico e de alguém vir me agradar. Ainda rio sozinha quando me lembro das bolhas de sabão e dos pezinhos de morango do jardim. Rio mais ainda quando me lembro de ter criado um telefone sem fio pra falarmos de uma vizinha para a outra, do outro lado da rua.
Lembro de chorar por uma boneca Barbie e de rir muito nos passeios, nas brincadeiras de boneca, da bagunça no fim da tarde...
Queria sonhar um sonho de criança e não ter essa sensação de coração partido, nem de decepção por ter muitas expectativas. Queria nesse sonho de criança sentir que somente um pedido de desculpas já traria meu sorriso no rosto e que não restariam mágoas nem sofrimento.
Queria que no meu sonho de criança eu não tivesse que sofrer para aprender. Só queria sonhar um sonho puro, tranquilo e livre. Somente um sonho de criança.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Divagações 05




Eu verdadeiramente gostaria de te dizer uma lista de coisas, dizer possivelmente que sinto a sua falta e que a vida nunca mais foi a mesma depois da sua ausência, também penso em dizer o quanto sinto saudades daquelas risadas gostosas, das idiotices acerca das idiotices dos outros.
Gosto de lembrar como a vida era simples e tranquila naqueles dias, como nossas preocupações se resumiam a que horas íamos nos ver e se você já teria saído do serviço ou não, se meus pais me deixariam ou não te ver e se eu teria hora pra chegar em casa.
Lembro-me de inúmeras discussões por causa de ciúmes, isso porque eu sempre fui ciumenta e você também não ficava atrás... Aquela sensação única de coração apertado por termos discutidos e os minutos infindáveis de sofrimento enquanto não nos entendíamos. Também nunca te disse, mas só eu sei como eu ficava feliz quando fazíamos as pazes, sensação única de ter o ego acalmado e as vontades, mesmo as infantis, satisfeitas pelo seu mimo.
Um momento muito complicado que talvez nunca tenha dividido com você, mas diz respeito a um sono sem fim que não me deixava forças nem pra abrir os olhos e como sempre, seu colo sempre foi o melhor travesseiro, cafuné na barriga, cócegas nos pés, filmes de terror, como sempre meus preferidos, embora não fosse os seus, você sempre esteve lá comigo.
Muita música seja do rock ao rock... Seguido do “você é tudo pra mim, o princípio e o fim”, terminando com “eu procuro tentar entender porque sou importante pra você já que é bem melhor ser importante pra si mesmo”. Muito Capital Inicial, Charlie Brown Junior, Raimundos, com um pouco de Pearl Jam, Guns, Titãs e tantos outros super sucessos que embalavam nosso colegial e nossas convenções.
Foram tantos momentos bons e maus também, longos beijos, longos abraços,rosas vermelhas pra comemorar e muito colo, porque eu sempre gostei demais de colo.
O tempo não foi muito generoso conosco, sempre houve inúmeras coisas que nos afastaram, sejam problemas convencionais, ou problemas de outras naturezas, enfim sempre o destino colaborou pra que ficássemos separados, mas independentemente dos casos e acasos, as coisas aqui dentro não mudaram muito, ainda continuo sentindo sua falta.
Existem fatos inegáveis que vão nos unir para o resto da vida, mesmo que nunca mais troquemos nem se quer uma palavra, talvez até mesmo pela eternidade, se bem que não sei se você acreditaria nessa tal eternidade, mas isso também não me importa, embora não estejamos juntos, ainda existe uma parte de mim que sempre vai estar em você e uma parte sua que sempre está comigo.
Sem muitas palavras, só posso dizer que hoje entendo a frase ‘só amamos uma única vez’, porque o verdadeiro amor não morre, vai ano, vem ano e tudo continua a mesma coisa aqui dentro.
Verdadeiramente, eu gostaria de te dizer muito mais, até mesmo de explicar algumas coisas, gostaria de fazer algumas perguntas e quem sabe resolver alguns problemas, mas parece que essa hora ainda não chegou.
Olhando tudo que passou e avaliando de maneira rápida a situação posso dizer que estou contente... Contente por te ter por perto outra vez, mesmo que essa sensação de proximidade seja só do pensamento, fico contente por tudo que já houve, pelas lembranças que acabo de expressar e até mesmo pelas coisas não terem se resolvido ainda, porque dessa forma faz brilhar o fio de esperança de que definitivamente ainda vamos nos melhorar muito para resolvermos esse capítulo que ainda não terminamos. Me contento por não estarmos juntos,  resultado de escolhas minhas, afinal somos reféns da lei de ação e reação, mas foi através da distancia que realmente percebi que você me faz falta.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012



Se eu for parar pra pensar o tanto de coisas que aconteceram num piscar de olhos, três anos...
Terminei um relacionamento, fiz uma nova faculdade. Detalhe: não terminei! Resolvi que ia ser definitivamente uma profissional na área da saúde e sou mesmo. Perdi pessoas importantes, conheci outras pessoas, me propus a fazer coisas diferentes, briguei com pessoas leais, mas também briguei com as falsas, para alguns pedi desculpas, pra outros nunca mais dirigi nem sequer o pensamento, o olhar então, nem se fale...
Foram anos estranhos e ao mesmo tempo interessantes. Achei coisas que tinha perdido, principalmente as que estavam o tempo todo dentro de mim, mas perdi coisas que ainda me fazem falta hoje. Recebi vários elogios, mas também fui criticada severamente, sem dó nem piedade. Chorei por isso, mas também chorei por coisas bem menores e sem sentido. Só pra constar, chorar não fez nada melhorar nem voltar, como consequência, descobri que chorar não resolve o meu problema.
Desejei do fundo do meu coração ter alguém especial, também desejei não me apaixonar, implorei aos céus um sinal, disse que queria paciência, respostas, amor e uma série de coisas, mas perdi o endereço postal de Deus, porque nada disso aconteceu...
Dediquei-me  a pessoas que não mereciam minha atenção, descobri que falavam mal de mim, que triste! Pensei em me vingar... Ainda bem que não o fiz, pelo simples fato de ser exatamente como essas pessoas, me senti injustiçada e desejei que nada daquilo tivesse acontecido, fiquei trancada no quarto esperando o dia acabar, a noite passar, mas nem o sono não me fez companhia. Aprendi que não tem outro jeito a não ser mostrar a cara e enfrentar os problemas e assumir os erros. No fundo nem doeu tanto quanto eu achava que doeria, mas devo admitir que meu orgulho se incomodou bastante e ficou bem arranhado. Tive que cuidar dele numa outra oportunidade...
Duvidei do amor de pessoas importantes, mas quando eu tropecei, me esfolei, foram eles que me deram a mão e como ainda manco um pouco, eles são parte da minha muleta permanente, me ajudando e me auxiliando, exatamente por não fazerem nada e permitirem que eu descubra e encontre exatamente onde eu estou falhando...
A vida foi tomando um rumo diferente e me afastou de pessoas que eu nunca imaginei que ficariam fora da minha vida. Notei claramente que odeio a sensação de ser rejeitada e não vou me adaptar nunca ao fato do mundo não ceder aos meus caprichos...
Nesses últimos três anos o mundo não só girou, mas bagunçou, organizou e bagunçou a minha vida um milhão de vezes. Trouxe pessoas que estavam muito longe, me fez sentir frio no estômago e logo eu, tão enfrentadora, não tive coragem de ter um olho no olho. E pra falar a verdade, ainda fujo dessa situação freneticamente...
No meio de todas essas reviravoltas, meu coração virou e revirou... Hoje a única dúvida que eu carrego é pensar: “Será que o melhor é se preocupar com alguém?” ou “Se preocupar por não ter ninguém com quem se preocupar?”
Achei que tinha alguém especial, mas na verdade especial foi só o que eu senti que era, porque de especial não teve nada, além de longas ausências, inúmeras desculpas, uma série de justificativas para coisas injustificáveis, vazios e falas mal acabadas acerca de possibilidades sobre coisas que dizem acontecer e que na verdade nunca acontecem e nunca se concretizam.
Também tive ótimas conversas, discussões infindáveis sobre os mais diversos temas possíveis, mas as piores discussões foram as que eu tive comigo mesma. Devo confessar: como eu sou difícil de lidar...
Questões muito complexas de responder, diálogos íntimos, profundamente existenciais, mas no meio de tudo isso eu encontrei uma figura que ainda habita toda essa escura e fria cripta de mármore. Devo dizer que não fiquei lá muito feliz com essa descoberta, mas admitir que algo existe e que isso é um problema ou um fato, é o primeiro passo para um possível resolução ou para que eu possa pelo menos pensar nisso de uma outra forma...
Existe ainda um mundo imenso que está se descortinando e que eu não faço a mínima ideia do que será e do que virá, mas não dá pra fugir. A única fuga que ainda não aprendi a controlar e talvez nem queira é quando eu fujo por entre linhas de caderno, muitas canetas e adesivos e crio o meu mundo perfeito de palavras, frases e orações e as dúvidas são somente pontos de interrogação...