quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sonhar um sonho de criança...




O que eu verdadeiramente queria esta noite, era sonhar um sonho de criança.
Não ter que me preocupar se amanha vou ter que levantar logo cedo, com o relógio despertando e me dizendo que já estou atrasada, não quero ter que pensar que terei um dia cheio...
Gostaria de me deitar e não ter que me preocupar com o meu lugar no mundo, com as realizações, com as afirmações e menos ainda com as negações sobre mim ou sobre o que eu acredito. Gostaria de pensar na vida adulta como um futuro distante que ainda me desse tempo para planejá-lo, desejando que o tempo passasse bem vagarosamente.
Gostaria de sentir o coração acelerando por passar a tarde toda jogando videogame e de ouvir minha mãe perguntando lá de longe e em tom bastante irônico “que horas que eu pretendia tomar banho?”. Lembro do olhar perdido e de ensaiar só pra pedir para o meu pai se eu poderia brincar na rua...
Hoje, fica complicado sair da rua, seja a trabalho, pra resolver negócios, pra chegar nos lugares, enfim, passamos os dias na rua.
Quando somos crianças desejamos desbravar o mundo, entender a fome a guerra, a violência e desejamos ser presidente.
Sonhamos ser cantoras, bailarinas, artistas de televisão, modelos e algumas vezes esportista. No fundo, nem sequer lutamos pra realizar nada disso e acabamos cantando embaixo do chuveiro, bailando com as adversidades da vida e atuando nas improvisações que a situação financeira nos obriga.
Queria sonhar um sonho de criança e brincar de colocar os sapatos de salto alto da minha mãe, tentar colocar as roupas dela, sair correndo e brincar de pular na cama, montar casinha de bonecas, escorregar na área de casa, tomar banho de chuva e nem sequer me preocupar com contas a pagar.
Sentir que o mundo realmente é grande e que existe uma forma de acreditar nas pessoas. Sinto saudades de pensar que meu pai era herói, de achar que existia coelhinho da páscoa e Papai Noel. Sinto saudades de comer os enfeites de chocolate que minha avó colocava na árvore, sinto falta de brincar com os primos, de fazer birra e pirraçá-los só para vê-los chorar...
Hoje mal nos falamos, cada um com sua “super-vida” agitada, cheia de compromissos, de trabalho e não há como não dizer que não sentimos saudades, mas a vida adulta muda tanto as coisas e mais ainda, muda as pessoas...
Sinto falta de ter colo, de chorar por qualquer coisa, de machucar o joelho escorregando na rampa com os chinelos da minha avó, sinto falta de fazer bico e de alguém vir me agradar. Ainda rio sozinha quando me lembro das bolhas de sabão e dos pezinhos de morango do jardim. Rio mais ainda quando me lembro de ter criado um telefone sem fio pra falarmos de uma vizinha para a outra, do outro lado da rua.
Lembro de chorar por uma boneca Barbie e de rir muito nos passeios, nas brincadeiras de boneca, da bagunça no fim da tarde...
Queria sonhar um sonho de criança e não ter essa sensação de coração partido, nem de decepção por ter muitas expectativas. Queria nesse sonho de criança sentir que somente um pedido de desculpas já traria meu sorriso no rosto e que não restariam mágoas nem sofrimento.
Queria que no meu sonho de criança eu não tivesse que sofrer para aprender. Só queria sonhar um sonho puro, tranquilo e livre. Somente um sonho de criança.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Divagações 05




Eu verdadeiramente gostaria de te dizer uma lista de coisas, dizer possivelmente que sinto a sua falta e que a vida nunca mais foi a mesma depois da sua ausência, também penso em dizer o quanto sinto saudades daquelas risadas gostosas, das idiotices acerca das idiotices dos outros.
Gosto de lembrar como a vida era simples e tranquila naqueles dias, como nossas preocupações se resumiam a que horas íamos nos ver e se você já teria saído do serviço ou não, se meus pais me deixariam ou não te ver e se eu teria hora pra chegar em casa.
Lembro-me de inúmeras discussões por causa de ciúmes, isso porque eu sempre fui ciumenta e você também não ficava atrás... Aquela sensação única de coração apertado por termos discutidos e os minutos infindáveis de sofrimento enquanto não nos entendíamos. Também nunca te disse, mas só eu sei como eu ficava feliz quando fazíamos as pazes, sensação única de ter o ego acalmado e as vontades, mesmo as infantis, satisfeitas pelo seu mimo.
Um momento muito complicado que talvez nunca tenha dividido com você, mas diz respeito a um sono sem fim que não me deixava forças nem pra abrir os olhos e como sempre, seu colo sempre foi o melhor travesseiro, cafuné na barriga, cócegas nos pés, filmes de terror, como sempre meus preferidos, embora não fosse os seus, você sempre esteve lá comigo.
Muita música seja do rock ao rock... Seguido do “você é tudo pra mim, o princípio e o fim”, terminando com “eu procuro tentar entender porque sou importante pra você já que é bem melhor ser importante pra si mesmo”. Muito Capital Inicial, Charlie Brown Junior, Raimundos, com um pouco de Pearl Jam, Guns, Titãs e tantos outros super sucessos que embalavam nosso colegial e nossas convenções.
Foram tantos momentos bons e maus também, longos beijos, longos abraços,rosas vermelhas pra comemorar e muito colo, porque eu sempre gostei demais de colo.
O tempo não foi muito generoso conosco, sempre houve inúmeras coisas que nos afastaram, sejam problemas convencionais, ou problemas de outras naturezas, enfim sempre o destino colaborou pra que ficássemos separados, mas independentemente dos casos e acasos, as coisas aqui dentro não mudaram muito, ainda continuo sentindo sua falta.
Existem fatos inegáveis que vão nos unir para o resto da vida, mesmo que nunca mais troquemos nem se quer uma palavra, talvez até mesmo pela eternidade, se bem que não sei se você acreditaria nessa tal eternidade, mas isso também não me importa, embora não estejamos juntos, ainda existe uma parte de mim que sempre vai estar em você e uma parte sua que sempre está comigo.
Sem muitas palavras, só posso dizer que hoje entendo a frase ‘só amamos uma única vez’, porque o verdadeiro amor não morre, vai ano, vem ano e tudo continua a mesma coisa aqui dentro.
Verdadeiramente, eu gostaria de te dizer muito mais, até mesmo de explicar algumas coisas, gostaria de fazer algumas perguntas e quem sabe resolver alguns problemas, mas parece que essa hora ainda não chegou.
Olhando tudo que passou e avaliando de maneira rápida a situação posso dizer que estou contente... Contente por te ter por perto outra vez, mesmo que essa sensação de proximidade seja só do pensamento, fico contente por tudo que já houve, pelas lembranças que acabo de expressar e até mesmo pelas coisas não terem se resolvido ainda, porque dessa forma faz brilhar o fio de esperança de que definitivamente ainda vamos nos melhorar muito para resolvermos esse capítulo que ainda não terminamos. Me contento por não estarmos juntos,  resultado de escolhas minhas, afinal somos reféns da lei de ação e reação, mas foi através da distancia que realmente percebi que você me faz falta.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012



Se eu for parar pra pensar o tanto de coisas que aconteceram num piscar de olhos, três anos...
Terminei um relacionamento, fiz uma nova faculdade. Detalhe: não terminei! Resolvi que ia ser definitivamente uma profissional na área da saúde e sou mesmo. Perdi pessoas importantes, conheci outras pessoas, me propus a fazer coisas diferentes, briguei com pessoas leais, mas também briguei com as falsas, para alguns pedi desculpas, pra outros nunca mais dirigi nem sequer o pensamento, o olhar então, nem se fale...
Foram anos estranhos e ao mesmo tempo interessantes. Achei coisas que tinha perdido, principalmente as que estavam o tempo todo dentro de mim, mas perdi coisas que ainda me fazem falta hoje. Recebi vários elogios, mas também fui criticada severamente, sem dó nem piedade. Chorei por isso, mas também chorei por coisas bem menores e sem sentido. Só pra constar, chorar não fez nada melhorar nem voltar, como consequência, descobri que chorar não resolve o meu problema.
Desejei do fundo do meu coração ter alguém especial, também desejei não me apaixonar, implorei aos céus um sinal, disse que queria paciência, respostas, amor e uma série de coisas, mas perdi o endereço postal de Deus, porque nada disso aconteceu...
Dediquei-me  a pessoas que não mereciam minha atenção, descobri que falavam mal de mim, que triste! Pensei em me vingar... Ainda bem que não o fiz, pelo simples fato de ser exatamente como essas pessoas, me senti injustiçada e desejei que nada daquilo tivesse acontecido, fiquei trancada no quarto esperando o dia acabar, a noite passar, mas nem o sono não me fez companhia. Aprendi que não tem outro jeito a não ser mostrar a cara e enfrentar os problemas e assumir os erros. No fundo nem doeu tanto quanto eu achava que doeria, mas devo admitir que meu orgulho se incomodou bastante e ficou bem arranhado. Tive que cuidar dele numa outra oportunidade...
Duvidei do amor de pessoas importantes, mas quando eu tropecei, me esfolei, foram eles que me deram a mão e como ainda manco um pouco, eles são parte da minha muleta permanente, me ajudando e me auxiliando, exatamente por não fazerem nada e permitirem que eu descubra e encontre exatamente onde eu estou falhando...
A vida foi tomando um rumo diferente e me afastou de pessoas que eu nunca imaginei que ficariam fora da minha vida. Notei claramente que odeio a sensação de ser rejeitada e não vou me adaptar nunca ao fato do mundo não ceder aos meus caprichos...
Nesses últimos três anos o mundo não só girou, mas bagunçou, organizou e bagunçou a minha vida um milhão de vezes. Trouxe pessoas que estavam muito longe, me fez sentir frio no estômago e logo eu, tão enfrentadora, não tive coragem de ter um olho no olho. E pra falar a verdade, ainda fujo dessa situação freneticamente...
No meio de todas essas reviravoltas, meu coração virou e revirou... Hoje a única dúvida que eu carrego é pensar: “Será que o melhor é se preocupar com alguém?” ou “Se preocupar por não ter ninguém com quem se preocupar?”
Achei que tinha alguém especial, mas na verdade especial foi só o que eu senti que era, porque de especial não teve nada, além de longas ausências, inúmeras desculpas, uma série de justificativas para coisas injustificáveis, vazios e falas mal acabadas acerca de possibilidades sobre coisas que dizem acontecer e que na verdade nunca acontecem e nunca se concretizam.
Também tive ótimas conversas, discussões infindáveis sobre os mais diversos temas possíveis, mas as piores discussões foram as que eu tive comigo mesma. Devo confessar: como eu sou difícil de lidar...
Questões muito complexas de responder, diálogos íntimos, profundamente existenciais, mas no meio de tudo isso eu encontrei uma figura que ainda habita toda essa escura e fria cripta de mármore. Devo dizer que não fiquei lá muito feliz com essa descoberta, mas admitir que algo existe e que isso é um problema ou um fato, é o primeiro passo para um possível resolução ou para que eu possa pelo menos pensar nisso de uma outra forma...
Existe ainda um mundo imenso que está se descortinando e que eu não faço a mínima ideia do que será e do que virá, mas não dá pra fugir. A única fuga que ainda não aprendi a controlar e talvez nem queira é quando eu fujo por entre linhas de caderno, muitas canetas e adesivos e crio o meu mundo perfeito de palavras, frases e orações e as dúvidas são somente pontos de interrogação...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Degraus



Existe uma série de coisas das quais eu gostaria de falar e também de ouvir.
Ouvir o que é que se passa na sua mente que de certa forma me perturba tanto mesmo sem trocarmos uma única palavra.
Ouvir o que aconteceu nessa história, saber seu desfecho e os motivos que levaram a isso, narrados unicamente pelo seu ponto de vista.
Ouvir o que você pretende fazer e até onde acredita ser possível caminhar com essas expectativas sem retorno que você demonstra ter.
Sem ter que dizer uma única palavra esperaria que você dissesse que esse tempo todo não foi em vão e que a triste imagem que meus olhos tomam contato não é real.
Prefiro nem se quer saber dos fatos ocorridos com você para não ter que dar de cara com a sua infantilidade com a sua total falta de comprometimento com o mundo e com as coisas.
Parece um tanto obvio querer ficar longe de tudo isso, na verdade ainda tento entender internamente o que é que me faz sentir vontade de ter noticias tuas, afinal de contas, todas elas até hoje foram seguidas de inúmeras decepções.
As vezes me questiono por qual motivo específico ainda enfio do dedo nessa ferida que só me traz mais dor, dúvidas e sofrimento.
Infelizmente existe um elo de ligação entre nós que é inquebrável, que sinto pena por existir, pois ao que tudo indica não existe mais nada que você possa acrescentar de novo ou de belo.
Fatos esses que não podem ser mudados, mas que a cada dia explicam por si mesmo os motivos lógicos por estarmos separados, embora tenhamos convivido um bom tempo dessa jornada juntos, vejo que realmente eu subi os degraus necessários para avaliar o mundo de cima, enquanto olho pra você e inicialmente só posso desejar que aprenda a andar...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ser consciente





Como são os seres com expectativas, esperando uma providencia divina do mundo, esperando que algo novo aconteça ou mais que isso, esperando que algo realmente se realize.
Todos nós somos seres inacabados, que ainda não entendemos muito acerca dos mistérios que cercam nossa vida. A única coisa que sabemos e que de certa forma acreditamos é que somos movidos pelo livre arbítrio. Escolher por si só.
Uma tarefa que deveria ser fácil pensando pelo âmbito
que de deveríamos saber o que queremos, pena que as coisas não ocorrem dessa forma e menos ainda com essa naturalidade.
Esperamos atitudes, esperamos acontecimentos, desejamos de coração, sofremos por antecipação...
Fatos normais, se não fosse a sensação de sermos tão incapazes.
Desejamos que as coisas aconteçam e sofremos por elas, esperamos que algo se realize e sentimos desanimo e  frustração caso isso não ocorra.
A sensação de peito aberto, coração partido, instabilidade, possivelmente a sensação de fracasso interno.
Sentir-se desnudo diante de si e do mundo.
Essa sensação passa com o tempo, conforme as coisas vão acontecendo, talvez, conforme o mundo vai se harmonizando e nós com ele.
Esquecemos por um momento que vivemos ligados por energias que vão alem de nossa compreensão e que não há equívocos, sorte nem acaso.
Existe e acontece o que trabalhamos pra acontecer, realiza-se os desejos que organizamos e lutamos para torná-los reais.
Vivemos diante de uma lei de ação e reação onde pouco nos damos conta de que o que recebemos do mundo é o mesmo que oferecemos a ele.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Me incomoda...



O que me incomoda profundamente é saber que você ainda existe aqui dentro mesmo sem ter mérito nenhum. É saber que o coração acelera por sentir o teu toque mesmo quando pra você isso não representa nada ou não é nada.
Incomoda-me o tempo todo saber que você nunca se importou e que através de palavras vazias tenta justificar coisas que nem sequer sentiu.
Perturba-me a mente pensar sobre você, ou tentar entender tantos questionamentos que um dia me foi feito, dos quais muitos eu sei as respostas, mas eu nunca dividi, mas ainda me questiono se você também pensou sobre isso...
Incomoda meu sono ter você nos meus últimos pensamentos, e frustra meu dia pensar em você, não por ser ruim, mas por não ser merecedor.
Sinto raiva por permitir que você fizesse parte de tudo isso e ainda não contente, ignoro tudo que possa me remeter às suas palavras, frases, colocações ou qualquer outro tipo de momento.
Sinto mágoa cada vez que me lembro de momentos que estivemos juntos, sinto dor ao pensar em cada sorriso e dor por lembrar de cada abraço.
Um dia me disseram que não podemos esperar das pessoas o que elas não têm pra dar, mas isso não faz com que eu esteja feliz por ninguém nunca me dar nada.
Em algum momento disseram que às vezes o pouco pra você é muito para o outro, no meu caso o que é pouco pra você, pra mim significa nada, um grão de areia levado pelo vento.
Com tudo isso, cada vez que me lembro de você, só posso dizer o quanto me sinto infeliz e quanto você não acrescentou, mas eu sei exatamente o quanto eu precisei me dividir!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Reflexos

 "Sabe, eu tô desenvolvendo uma nova  filosofia, eu só preciso suportar um dia por vez.”
(Charlie Brown)


Muitas vezes desconheço essa que olha no espelho todas as manhãs...
Tento questioná-la sobre como vai ser o seu dia, pergunto se ela tem algum plano imediato pra ser realizado nesse momento, tento perceber nos olhos dela se existe alguém com quem ela ainda se importe, e mais que isso tento entender como se importa se não pensa, não se lembra e não faz nada pra ser constante? Como se importa se não deixa que outras pessoas sejam presentes?
São tantos questionamentos e não há nenhuma resposta, um vazio, um silêncio...
Ouvir o silêncio definitivamente é ainda muito pior do que muitos dizem...
Durante esse olhar no espelho, depois de todas essas perguntas, depois de uma série de reflexões sobre um amontoado de coisas que com toda certeza desconversam ou fogem do assunto inicial que deveria ser pensado... A resposta é sempre a mesma, “eu ainda não sei”, seguida de “ainda vou ver o que vou fazer até o fim do dia”, com alguns complementos de “hoje não estou a fim de pensar sobre isso”, logicamente que ela não quer pensar sobre nada, e finge que o dia é longo e que está muito cansada pra ter que tomar uma decisão, acredita mesmo que o dia tem menos de vinte quatro horas e que todo tempo disponível não foi suficiente pra ela pensar em tudo que gostaria, mas mesmo assim se sente tranquila por ter passado mais um dia sem tocar no assunto que todas as manhãs a persegue na frente do espelho.
Parece pouco se analisarmos tantas outras coisas que nos atacam diariamente, mas é duro você se sentir atacada por você mesmo, ter que enfrentar-se sabendo exatamente cada uma das suas limitações.
Responder perguntas que nos são feitas por outras pessoas, nos abre o leque de responder se quisermos, de não respondermos e muitas vezes de mentir... Mentir sem o mínimo de vergonha, mas ainda não achei uma maneira de mentir pra mim mesma... E durante o momento que sou interrogada todos os dias pelas manhãs, deixo de olhar nos meus próprios olhos e silencio todos os pensamentos, porque infelizmente não tem como mentir, mas eu ainda tenho a possibilidade de escolher não responder!
Por quanto tempo faço ou continuarei fazendo isso, eu ainda não sei... Mas nesse momento parece o suficiente.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Retalhos de sentimentos





A doce ilusão de achar que aquele sentimento quase que indescritível me envolveria, que tomaria de mim a razão e me deixaria sentir nem que fosse uma única vez a certeza da sua presença aqui, sentir que realmente os laços eram fortes que os sorrisos valeram a pena e que os abraços realmente envolviam mais do que dois corpos.
Imaginei que pudesse ser constante e não variável no meio de dias dos quais não sabemos como serão exatamente, mas ter a certeza de que você realmente estaria ali, que o colo me esperaria que seus beijos doces me consolassem por um dia difícil ou quem sabe comemoraria comigo mais um passo diante da imensidão que é o futuro, saber que estaria nos meus braços todas as noites e que não importa quantas batalhas eu teria que enfrentar só pra sentir o teu calor ali comigo.
Deixar o desejo transbordar dos meus lábios e sentir o ter cheiro e o teu gosto e acariciar o teu rosto como tantas outras vezes já o fiz...
Essa ilusão partiu como bolhas se partem diante dos nossos olhos, simplesmente sumiu no ar infinito que nos rodeia e deixou somente a sensação de que em algum momento esteve realmente lá.
Tudo passou os abraços, os beijos molhados que me consumiam quase por completo, o teu toque em mim, a tua presença transformando os fracassos do dia a dia em motivos latentes pra eu me fortalecer.
Você simplesmente foi embora ou pelo menos foi o que eu desejei que fizesse depois de partir o meu coração em milhares de cacos e estilhaços, na justificativa de que “não era essa a sua intenção”.
Hoje você ainda está lá, você ainda caminha pelas mesmas ruas e com toda certeza eu te acompanho, sempre calada...
Vem me perguntar sobre as minhas sensações e pergunta como está o meu coração, cria teorias sobre como eu posso melhorar isso, diz que o problema esta em mim, que sou muito resistente...
Você discorre sobre relacionamentos como se eu fosse um bebê que não soubesse nada da vida, como se eu nunca tivesse me apaixonado, como se você nunca tivesse sentido o que eu senti...
Diz pra mim com sorriso nos lábios que sempre se deu por inteiro e que sempre permitiu que as coisas chegassem até você, diz que não nada contra a correnteza e que deixa a vida fazer a sua parte, que percorre os caminhos com a intenção de tirar o máximo proveito dela e de não magoar quem te acompanha nessa jornada, pretende chegar o mais longe que possa ir e absorver tudo que possa te fortalecer... Deixo você falar e falar e muitas vezes tento explicar sem sucesso algo que você não quer escutar...
Eu não posso percorrer um caminho sem antes voltar... Escolher outro caminho sem antes deixar de te amar...

Lembranças

Eu sei como é andar por esse caminho, mas me lembro perfeitamente como foi voltar dele...


Hoje fiquei pensando em uma série de coisas das quais eu poderia escrever, talvez minha paixão pelo teatro, ou quem sabe meu inconformismo com pensamentos limitados, ou minha falta de atenção com quem não insiste em debater filosoficamente meu ponto de vista, na verdade eu poderia discorrer sobre uma série de assuntos que poderiam envolver segundas, terceiras e até quartas pessoas, mas na verdade nada disso me vem a cabeça, nem se quer uma pequena frase, nem uma história nem um conto bobo que alguém um dia contou pra mim...
Só me lembro de uma sensação de garganta seca, um coração acelerado, aquela velha e ao mesmo tempo tão nova sensação de sentir o cheiro da presa e a preparação pra sair à caça, sentir o vento no rosto e a emoção estampada em todos os meus sorrisos. A luta interna, onde o lobo perdedor com toda certeza será o que eu deixar de alimentar, mas com o pedaço de carne na mão e com a tentação não sei pra qual jogar.
Queria poder contar sobre cenas bonitas e sonhos coloridos, sobre a rotina do dia a dia, sobre como o nascer e o por do sol são lindos, mas já faz um tempo que não os vejo, e quando me lembro deles, lembro também do sangue fervendo nas veias deixando pra trás todo amontoado de faixas e asfalto numa velocidade rápida o suficiente pra eu não ter tempo de voltar atrás, lembro-me da aceleração constante e da emoção se sentir o coração batendo na garganta e toda adrenalina sendo despejada em meu ser.
Queria poder dizer como é bom quando chove, quando Deus faz cair do céu aquelas gotículas que nos refrescam e que nos fazem pensar que o dia é bom pra ficar na cama, mas eu só me lembro de passar por essas gotas tão depressa onde cada local da minha pele que elas tocavam viravam hematomas enormes, manchas avermelhadas e arroxeadas que não havia como esconder.
Fora tudo isso queria falar sobre como me faz bem ouvir notas de piano e como me sinto bem com aquele som marcante que tem um sax, enfim gostaria de me prender a essas memórias, mas me sinto condicionada a uma música com pouca melodia marcada por bateria e guitarras que trazem consigo uma época inteira em menos de quatro minutos de execução.
Além de tudo isso eu queria não me lembrar de certas coisas pra não ter que desejar lá do fundo da minha alma esquecer todas elas nesse exato minuto.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Felicidade




Engraçado que ontem conversando com um amigo ele me fez a seguinte pergunta: Quando eu me sinto feliz?
Claro que fica a impressão de que eu sou a pessoa mais infeliz desse mundo, o que não é verdade em hipótese nenhuma... Mas enfim, eu não soube o que responder a ele.
No meio dessa confusão por não saber a resposta me peguei na mistura de uma série de sensações que eu imagino que me deixam feliz, e pra cada uma delas eu conseguia especificar momentos da minha vida e de certa forma até vivenciá-los separadamente, mas a tal da felicidade...
Dei uma resposta bem vazia que na verdade não respondeu nada, que na verdade não responde nada nem pra mim nem pra ninguém.
Felicidade, um termo tão técnico pra algo, alguma coisa e/ou sensação da qual buscamos incansavelmente com o objetivo de sentir algo diferente e inusitado, na busca quase que incondicional por algo que só é descrito através de sensações, de causas e efeitos.
Isso! Causas e efeitos...
Sempre buscamos causas que nos levem a felicidade, não importa de onde ela vem; se vem do outro, se vem de Deus, se vem do amigo, da família, do irmão ou até de nós mesmos... Não importa a causa desde que ela seja a consequência final de toda essa historia.
Não tenho como pretensão responder o que me deixa feliz, porque de certa forma seria uma resposta vazia diante de tantas coisas que fazem meus olhos brilharem, mas uma coisa que embora não seja a felicidade, mas que me permite chegar bem perto dela, é ter o coração batendo forte e acelerado quando isso já parecia não acontecer mais.