quinta-feira, 4 de abril de 2013

O que nunca ouvi...





Antes eu pensava que eu tinha muitas coisas para te dizer, e me imaginava falando todas elas e descarregando essa possível “metralhadora de mágoas”, mas percebo num lapso de pensamento, a me tomar bem lá distante, consumindo quase que aos poucos a minha alma, que essa necessidade de te dizer algo nunca existiu. A máscara da necessidade de falar vem exatamente porque eu tenho medo de ouvir o que você pode me dizer, medo de saber que nada disso existe ou que numa hipótese ainda pior, que isso tudo nunca existiu.
Eu procuro falar e ter sempre a impressão, quem sabe talvez a “falsa impressão” de ter muitas coisas para te dizer, mas a verdade nua e crua se resume em todas, todas as coisas que você nunca me disse...
Não é verdade que eu queira te dizer algo, minha vontade se resume em uma única coisa: escutar sair da tua boca essas palavras amargas que você me nega, que sempre me negou e que vive na ilusão do “vamos conversar”, ou ainda do “vamos sentar e resolver isso”.
Depois de um tempo o que eu posso dizer é sobre tudo o que você nunca me disse e que você nunca fez, se bem que esse verbo fazer precisa ser melhor explicado: tudo que você nunca fez por nós. Sempre esperei que você me dissesse o mínimo de verdade possível a respeito das coisas, mas você me deixou sempre cair e levantar sozinha. Ninguém precisa de ajuda depois que já cicatrizaram as feridas. Imaginei que chegaria o momento onde finalmente eu deixaria de dizer e te escutaria, mas pra você sempre foi muito difícil ter que falar, ter que contar e mais que isso, ter que abrir de verdade o livro que decide se podemos continuar ou não.
Penso que diante de toda a sua ausência, omissão e falta de interesse fica claro seu posicionamento não só a esse respeito, mas sobre tantos outros dos quais ficaram lacunas profundas, esperando serem sanadas por uma presença que nunca teve, por uma conversa que nunca aconteceu e por um sentimento que nunca existiu!

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