quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Era uma vez...

Castelo de Clerans - França
Era uma vez uma amizade que se transformou em amor...
Durante muito tempo eu acreditei que isso seria impossível... Sempre delimitei barreiras muito bem armadas e estrategicamente colocadas para que nada pudesse infiltrá-las, muitas vezes nem os raios de sol.
Absorvia o que era mais importante de tudo; somente em alguns momentos me permiti abrir as portas para que algo saísse, como um presente maravilhoso, que todos precisam, mas que o egoísmo não me permitia mostrar.
Eis que um dia alguém resolve se instalar nessa porta, oferecendo coisas tão maravilhosas que chegava a ser impossível recusar.
As barreiras continuam lá... E essa pessoa também. Quase todos os dias falamo-nos através dessa porta... Que obviamente continua fechada... Mas tanto eu quanto ele sabemos que do outro lado existe alguém, ou pelo menos uma voz que responde... Ora amável, ora nervosa, ora sem sentido, ora carinhosa...
O tempo passa... E um dia eu, que estou do lado de dentro da muralha, resolvo abrir uma pequena fresta da porta. Ele  pacientemente me saúda; muito se é conversado. Agora sabemos que existe mais que uma voz por trás da porta.
Para que as conversas diárias continuassem a ocorrer, mais um fator passou a ser necessário: olhar dentro dos olhos.
Dias, meses e anos se vão passando e nós não mais nos afastamos da porta... As conversas passam a ser cada vez mais regulares e profundamente gratificantes.
Finalmente chega o dia em que a porta é aberta totalmente, aberta de verdade... Mas somente para aquela pessoa que se instalou ali e teve a paciência para esperar... A mesma paciência que uma bela flor necessita para desabrochar...
Agora vamos nos conhecer melhor, em iguais condições, frente a frente...
Ninguém sabe o fim desta historia, mas sabe-se que ela começou ali, naquele momento...
O que se pode dizer é que, por ter estado atrás da porta tanto tempo, agora preciso muito estar perto de quem me aguardou lá fora. Muito ainda vai ser revelado... Existe um mundo todo a ser desbravado, mas agora talvez a porta não seja mais necessária. Talvez não seja preciso caminharmos separados.Pode ser que de agora em diante os riscos sejam menores e quem sabe futuramente as barreiras que antes me separavam do mundo talvez deixem de existir também.

Um comentário:

  1. Portas, às vezes, è muito bom. Mas não se pode deixar de reconhecer que aquele que se tranca, se por um lado se sente seguro, por outro deixa de sentir o calor do sol, o frescor da brisa, deixa enfim, de viver a vida em plenitude.

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