quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A livre-expressão da arte

Coliseu - Roma
Alguém aqui já parou pra pensar o porquê de se procurar um curso de teatro?
Claro que todos vão responder que é para tornarem-se atores, de preferência atores famosos que vão trabalhar numa novela Global, de preferência no horário nobre, porque Malhação é pra amadores...
Bem, isso não é de todo inverdade, mas posso garantir que a maior parte das pessoas que busca um curso de teatro está atrás de algo um tanto quanto mais substancial. Alias, é lá, lá nas aulas de teatro que aprendemos a compreender o espaço do outro, e mais que isso, a confiar em nossos parceiros. E o segredo que todos buscam é o que nós do teatro chamamos de sexto sentido, sensibilidade, a simples capacidade de sentir. E não é só sentir, mas é se deixar tocar por algo, por um sentimento interno ou externo.
Agora nesse momento é justamente da minha sensibilidade que vou falar, por me sentir tocada internamente com a decisão de fechar as portas da Escola Livre de Teatro de Jales. Parece um tanto quanto infundada a idéia de tirar um bem precioso que nem é da cidade, foi uma conquista da própria Escola. Cada um que passou pela E.LI.TE sabe bem do que estou falando, e se lembra das picuinhas das escolas quando, nós, alunos de teatro, tínhamos que decidir pra qual time entraríamos; quando em muitos momentos, fomos chamados para representar o nome de nossa cidade, seja em pequenos eventos, ou em inaugurações, como foi o caso da “Biblioteca Municipal”. E, a propósito, quem não se emocionou ao descer aquela escadaria e encontrar jovens recitando poesia, tocando violão e expressando a importância da cultura?
O que me toca também, hoje, é lembrar que como uma boa brasileira que sou, e talvez até diferente dos tantos que existem, eu me lembro para quem votei para prefeito dessa cidade. Lembro-me também que em seu discurso ele priorizava a cultura, os esportes, o lazer, e agora vejo essa barbárie com as artes plásticas da nossa cidade? Eu não sou uma cidadã que esquece, e estou aqui para brigar pelos meus direitos. É direito de todos: a cultura, o lazer, a liberdade de expressão, como também é nosso dever votar, não é mesmo?
Parece que estamos voltando à época da ditadura, onde por simples reprimendas ou por simples abuso de poder se fazia o que queria. O governo silenciava as pessoas, impedia que elas tivessem acesso à cultura e à educação...
Sempre achei que o objetivo maior de um governante nos dias de hoje fosse o de priorizar a cultura e a educação, se não no país inteiro, ao menos em parte, cada um cuidando da sua cidade. Não podemos simplesmente nos calar e ver essas barbaridades acontecerem! Temos que lembrar ao nosso governante que ele está lá por única e exclusiva vontade do povo... Sua obrigação é representar a maioria e não massagear o ego de pessoas que se julgam no direito de fazerem o que quer pelo simples fato de serem aliados.
Não somos de briga, mas somos de justiça e, se uma vez nesse país os jovens já pintaram a cara e saíram às ruas por causa de um péssimo administrador, com toda certeza isso pode ocorrer novamente. Lembrando: ser sensível não é ser burro, é participar, é deixar que as coisas te toquem intimamente e que te mobilizem para uma nova postura.

2 comentários:

  1. Texto em homenagem a Escola de teatro da qual eu fiz e faço parte, pois somos mais que um movimento em prol a arte nesta cidade, somos uma família!

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  2. Essa situação tem que vir à público. A maioria das pessoas desconhece totalmente a real situação da ELITE. Que tal publicar um esclarecimento à população em um bom jornal ou através de panfletagem?

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